27 de maio de 2016

Sessão de relaxamento


“O homem vive preocupado em viver muito e não em viver bem, quando na realidade não depende dele o viver muito, mas sim o viver bem.” - Sêneca



É bom poder durante meia hora dedicar-nos a nós, não ao nosso corpo, nem há nossa aparência, mas à nossa mente.
Poder descansar, sem dormir, poder refletir, sem pensar, poder voar, sem sair daquele colchão, poder sentir o peso dos nossos problemas refletido no peso do nosso corpo, mas… ao mesmo tempo perceber que não temos de nos afundar com eles, podemos simplesmente deixar que as coisas fluam ao ritmo da vida, sem medos, nem preocupações.


Para muitos estas palavras refletem uma grande utopia, que eles desejavam alcançar, para mim são apenas palavras, palavras que eu digo sobre os sentimentos que eu sinto, todas as semanas durante meia hora. Sei (melhor que ninguém) o quão difícil é deixarmos levar pela vida, ao sabor da maré, sem querer controlar tudo e todos à nossa volta, mas com a certeza de que o rumo da nossa vida está nas nossas mãos. Eu sei que pareço contraditória, mas reparem com atenção no que eu quero dizer: temos o controlo da nossa vida nas nossas mãos, se queremos comer um bolo cabe-nos a nós a tarefa de o fazer, se queremos ser médicos, cabe-nos a nós a tarefa de estudar, se queremos ser felizes, cabe-nos a nós a tarefa de o ser; porém não podemos querer acelerar o tempo, todos os minutos da nossa vida são igualmente importantes, assim é tão importante fazer como comer o bolo, estudar como ser médico…


Eu vivo a vida a pensar no futuro, preocupada com o que vem depois, sem apreciar o agora e, sem mesmo saber se o futuro realmente chegará, mas isso está prestes a mudar… Está nas minhas mãos, ou melhor na minha mente, mudar esta angústia de não saber o que virá depois, afinal esse depois poderá nunca vir a chegar, não é? E se assim for eu terei perdido o único tempo da minha vida a pensar no amanhã, que não existiu. Que vida sem graça é essa?


Tenho 18 anos, 18 pequeninos, ingénuos e puros anos. A esperança média de vida de um portador de esclerose múltipla é de mais 30 anos a partir do momento em que se surge o problema; de uma pessoa com cancro da próstata é de mais 10 anos; de uma pessoa com cancro no pulmão é de mais cinco anos.
A esperança média de vida de uma pessoa normal, em Portugal, é de 80 anos... No entanto, se existir um surto de peste, como por exemplo o da peste negra, morrerá 1/3 da população europeia, só nos restando alguns dias, porém também podemos ser vítimas de um dos 74 000 acidentes que ocorrem todos os anos nas estradas Portuguesas e, por infelicidade sermos um dos 321 mortos e, nesse caso pode-nos restar apenas algumas horas de vida ou então não, pois pode tratar-se de morte imediata.


- Então e onde queres chegar?
- Não é óbvio?
- Que não devemos sair à rua? Ahahah
- Que engraçado! Não, bem pelo contrário! Não devemos viver com a ilusão de que existirá o amanhã, mas sim com a certeza de que existe o agora, aproveitando cada momento como se fosse único. Saborear cada golfada de ar respirado, cada grafada de gelado, cada atarefada manhã, cada dia… como se fosse o último, até que um dia acertemos, mas nesse dia, o dia do juízo final, partiremos com a certeza de ter feito o melhor que podíamos, ou o melhor que sabíamos…
- Isso é muito bonito de se dizer, mas como é que fazemos isso, como é que fazemos com que todos os momentos da nossa vida sejam eternas preciosidades?
- Não sei, mas acredito que, se acordarmos todos os dias com um sorriso no rosto, um brilho no olhar, a bondade no pensamento e a certeza de querermos ser felizes, o caminho até lá se torne mais curto.
- Boa… uau que filósofa!
- Repara bem, não cabe em mim o conhecimento autêntico para responder a todas as tuas perguntas, apenas estou a tentar fazer-te ver a minha opinião sobre a vida.
- Que não deve ser desperdiçada?
- Exatamente!





(Como devem ter reparado este texto foi escrito à 2 anos, mas não consegui deixar de o partilhar, porque na verdade continuo a pensar exatamente assim! De notar ainda que não alterei, por opção, nenhuma palavra.)

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