9 de junho de 2016

Uma carta para ti... AVÓ!



A morte de alguém nunca será para mim só mais uma! É um momento em que relembro os meus familiares que já partiram, a saudade que sinto deles e um momento em que vem ao de cima o meu maior arrependimento e também aquele do qual eu já não posso fazer nada.

Minha avó, mãe do meu pai, foste para mim uma outra mãe, foste para a minha mãe mais que uma mãe e a única coisa que eu disse quando foste embora, foi a maior estupidez que podia ter dito, aliás a maior estupidez que direi na vida "A minha avó morreu, mas ela também só me dava enxoval no Natal! Melhor assim!"

Eu tento me desculpar pelo facto de ser pequena quando tudo isto aconteceu, mas nestes momentos... o arrependimento ataca-me por trás, atraiçoa-me e fico desarmada, porque já nem eu acredito nessa desculpa!

Só queria que soubesses que me enganei, tu, deste-me muito mais do que enxoval, trouxeste ao mundo uma das pessoas mais importantes da minha vida, o meu pai, ajudaste-o e ajudaste a minha mãe, criaste-me e à minha irmã, deste a tua vida pela nossa família deste tudo por nós e a única coisa que eu te posso dizer é "Obrigada!"



Por tudo o que fizeste por mim e eu não dei na altura o devido valor
"Obrigada e desculpa!".


Eu bem sei, irei arrepender-me para o resto da vida, e no final dos meus dias, só espero encontrar-te e contar-te todas as coisas maravilhosas que me aconteceram graças a ti! Desculpa avó, pelas minhas estúpidas e infelizes palavras, e... obrigada!

Quantas e quantas vezes mais me vão perguntar pelos meos avós, quantas e quantas vezes mais eu vou ter de dizer "já não tenho nenhum" e, de entre todas essas vezes, quantas delas eu me vou lembrar de ti e só de ti? Todas, muito provavelmente... tu não foste só minha avó, tu foste o estereótipo de avó que toda a gente quer, que eu queria agora a meu lado, mas agora é tarde...
Relembro-te com alegria, a alegria de te ter conhecido, mas quando penso no tão pouco tempo tive para o fazer, no quão pouco me lembro de ti, fico triste. Triste, mas não infeliz, muito pelo contrário, pelo menos a ti tive o prazer de conhecer, o que não aconteceu com os avôs como bem sabes. Tenho tanta pena, a minha mãe conta-me coisas incríveis deles...

Não sei se sabes, eu não sou muito crente, não acredito em Deus, nem na vida depois da morte, nem em milagres, nem em nada disso... lamento, sei que deves ficar triste com isso, mas sou uma mulher da ciência e é tão difícil para mim acreditar nisso... Porém também tenho de confessar, às vezes caio na tentação de que gostava de poder estar enganada, gostava muito, não para ir para o céu, não para poder continuar a "viver", mas para te ver só mais uma vez, abraçar-te forte, contar tudo o que perdeste e, agradecer-te, foste a única e verdadeira avó que conheci e tenho boas recordações.

Quando ouço alguém com o teu nome, é estranho eu sei, mas é tão bom... é como se uma velinha se acendesse dentro de mim em tua homenagem.




Gosto muito de ti e estou cheia de saudades!


Uns raios de sol sobrevoaram a minha testa, bem sei que é nas estrelas que as pessoas encontram quem já partiu, mas aqui e agora, enquanto converso contigo e te confessou tudo o que sinto, sei que me ouves, e me aqueces esta face fria, pelo tempo que já passou sem ti e os teus beijos deliciosamente babados.





Obrigada e desculpa, por todas as vezes que errei, tu merecias uma neta perfeita, mas saiu-te esta desastrada...


Amo-te minha avó.
Até já!

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